sexta-feira, 30 de abril de 2010

Onde estás?


Onde estás que não respondes?
Te procuro e não encontro...
Onde estás que não respondes?
Dos meus gritos te escondes?
Onde estás que não respondes?
não te vejo mais nos infinitos grãos de areia
Onde estás que não respondes?
nas rosas do jardim não estás
Onde estás que não respondes?
procuro nas estrelas da noite e não estás lá!
Onde estás que não respondes?
não te sinto no vento que sopra suave
nem mesmo no reflexo dos teus olhos consigo te encontrar!

Meire Jorge

domingo, 25 de abril de 2010

CANÇÃO DE OUTONO



Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

Cecília Meireles

sábado, 24 de abril de 2010

Tua presença!



O que falta
não sei....
só sei que sinto  falta....
falta do teu cheiro,
do teu gosto...
do teu poema,
do teu silêncio...
sinto falta do que
falas sem nada dizer
do beijo suave
aveludado, carinhoso...
da taça de vinho tinto
da taça de vinho branco...
sinto falta do teu ombro
aconchegante,
do teu olhar vasculhando minh'alma
sinto falta de viver o que não vivemos
sinto falta do tremor do teu corpo
quando me abraças
e meu coração aqueces...
sinto a falta
que faz tua presença
em minha vida!

Meire Jorge



terça-feira, 20 de abril de 2010

Ecoa o vazio


Te vejo vazio
vazio te sinto
Ecoa o vazio
Ecoariam?
melhor seriam
palavras transbordando
percorrendo olhos
escorrendo...
ao coração
emoção....ilusão!!

Meire Jorge

domingo, 11 de abril de 2010

Jardim de Outono


Sou  jardim de outono
minhas  flores espalham-se pelo chão
a ausência do brilho das asas do
meu beija flor, tira-me as forças,
as folhas secas estão a cair
sementes adormecidas...
lágrimas de orvalho
pairam sobre mim...
sequer ninhos teces em meus galhos
apenas teias opacas aumentam a cada dia
emaranhando por todo o espaço,
me amarram, apertam, sufocam...
o frio a chegar
passa por mim o  vento a uivar forte,
gelado, cortando, levando a melancolia
da existência, que é mera despedida!

Meire Jorge

domingo, 4 de abril de 2010

Foi assim...


Foi sem mais nem menos
que nossos caminhos se cruzaram
Foi sem mais nem menos
que nos demos as mãos
Foi sem mais nem menos
que sol voltou a brilhar
Foi sem mais nem menos
que nos olhamos nos olhos
Foi sem mais nem menos
que os olhos ficaram marejados de lágrimas
Foi sem mais nem menos
que uma dor sufocou meu peito
Foi sem mais nem menos
que chorei
Foi sem mais menos
que sai de mim
e me perdi de ti...

Meire Jorge
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