quarta-feira, 30 de setembro de 2009



Não sei o que acontece com nossas almas
Há um abismo em nossos corpos latejantes
Separando-nos, tirando-nos a paz, a calma
Caminho sem volta...

Tânia Mara Camargo

Lindas palavras vazias



Sem culpas
nem desculpas
nos perdemos
um do outro.
No silêncio
da presença
na ausência
com palavras.
Companhia vazia...
o grito seco
reflete o Amor
falado, escrito
frizado e dito.
Água e vinho
concreto, abstrato
volátil em demasia.
Somente canção
sem melodia!

por Meire Jorge

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Uma pausa nos sonhos....


"Amigos e visitantes....o objetivo desse blog é compartilhar sonhos, poesias, amor....no entando, a realidade muitas vezes nos entristece...e como professora, não posso deixar de linkar  essa notícia aqui. Para refletirmos um pouco mais sobre o país que queremos para nós" Meire Jorge

"MANIFESTO DE REPÚDIO AOS ASSASSINATOS DOS PROFESSORES SINDICALISTAS EM PORTO SEGURO

Mártires
Matar líderes sindicais atuantes, como Álvaro Henrique (foto) e Elisney Pereira, professores determinados que estavam dispostos a enfrentar pressões, é um tiro a queima-roupa na Democracia. E não torna as coisas mais fáceis.
Trata-se de um banho de sangue na Constituição brasileira, que joga a reputação da cidade de Porto Seguro na lama.
E isso no Brasil de Lula e na Bahia de Wagner.
O Estado Democrático de Direito não pode tombar mortalmente nos braços da impunidade.
A sociedade impotente se entrega refém do medo.
Morre também com Álvaro e seu colega Elisney um pedaço de cada um de nós que tem sede de Justiça e de Paz.
Vai para debaixo da terra toda a esperança que eles plantaram em suas trajetórias de luta como educadores e dirigentes sindicais.
E cabe a nós sobreviventes a tarefa de regar os rebentos que porventura surjam dessas sementes, mesmo que alguns desistam, ainda assim é preciso regar de novo o sonho de um mundo justo e pacífico.
Mataram Álvaro e Elisney covardemente, numa emboscada, ato brutal e repugnante.
Mas a impunidade não pode prevalecer. Temos a obrigação moral de resistir e seguir em frente, em respeito a honra dos professores mártires dessa história.
Devemos e podemos reerguer o Estado Democrático de Direito, convocar a sociedade para saber quem está do lado de quem. As entidades constituídas precisam dar as mãos e formar uma corrente capaz de enfrentar a realidade.
Precisamos cobrar das autoridades que encontrem os verdadeiros culpados e que eles sejam punidos.
Que Álvaro e Elisney vivam para sempre em nossos corações e mentes.

Geraldinho Alves
REDE IMPRENSA LIVRE – BLOG E JORNAL

APLB - EUNÁPOLIS / PORTO SEGURO

CREA - BAHIA/ INSPETORIA DE EUNÁPOLIS

ASSOCIENGE - ASSOCIAÇÃO REGIONAL DOS ARQUITETOS E ENGENHEIROS DE EUNÁPOLIS

SINTERP (SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE RÁDIO E PUBLICIDADE)

CDL (CÂMARA DOS DIRIGENTES LOJISTAS) DE PORTO SEGURO

SITE POPULAR

RÁDIO 98 FM"

Deu no Jornal Imprensa livre

"Dor e revolta em Porto Seguro
POPULAÇÃO CHORA A MORTE DOS DOIS PROFESSORES SINDICALISTAS ASSASSINADOS

"Uma forte comoção tomou conta de milhares de pessoas no dia 24 de setembro, em Porto Seguro, durante o velório do corpo do professor Álvaro Henrique, 28 anos, que era presidente da APLB - Sindicato dos professores - e liderava uma greve da categoria no município. Ele tinha afirmado que a Educação municipal era a pior do estado e estava uma bagunça. Também fez denúncias envolvendo a prefeitura local e a gestão anterior da entidade que presidia.
A greve foi iniciada no dia 16. No dia seguinte três homens atraíram Álvaro para uma emboscada. Ele estava em companhia do professor e secretário da APLB, Elisnei Pereira, que também foi assassinado. O professor Álvaro assumiu a direção da APLB em junho deste ano. Ainda na véspera do atentado, ele afirmou à imprensa que a greve era por causa do descaso do Executivo com a Educação. Disse que proposta do governo municipal foi de 0% para reajuste salarial da categoria. A Secretaria de Segurança Pública do Estado nomeou quatro investigadores especiais para cuidar do caso, que está sob sigilo.
O professores sindicalistas da APLB foram atingidos por vários tiros disparados por três pessoas no dia 17 , numa emboscada feita na zona rural de Porto Seguro, conhecida como Roça do Povo.
O governo municipal publicou Nota Oficial, dia 18, declarando que era saudável o processo de negociação com os professores, fato que é desmentido pelo próprio Álvaro, na entrevista que deu à rádio 88 FM, dois dias antes de sofrer o atentado. Uma atitude considerada por muitos como erro político foi o governo municipal ter marcado uma coletiva de imprensa, reunindo autoridades locais, para o mesmo horário do velório e do enterro do professor Elisnei Pereira, no dia 18.
No dia 24, quando o corpo do professor Álvaro chegou em Porto Seguro, um fato revoltou ainda mais os professores, a negativa do Corpo de Bombeiros em ceder o carro para o cortejo fúnebre. A negativa criou um clima muito ruim entre as pessoas que estavam organizando o cortejo."

RETORNO - O manifesto (primeiro texto) foi publicado no blog Imprensa Livre.

Publicado por Nei Duclós

Chuvas



Dia de chuva
caminho de lama,
poças reluzentes
passagens e desertos
longos, ocultos
trilhos de um mundo
que inflama
indefinível paisagem!

por Meire Jorge


Ninguém pode construir em teu lugar
as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida
ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números,
e pontes, e semideuses que se oferecerão
para levar-te além do rio;
mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o

Nietzsche



"Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar"

Marisa Monte / Moraes Moreira

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Para Viver Um Grande Amor




Cantado
Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Falado
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso.
Muita seriedade e pouco riso, para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher.
Pois ser de muitas, pôxa!, é pra quem quer, nem tem nenhum valor.
Pra viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro
E ser de sua dama por inteiro, seja lá como for.
Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada
E portar-se de fora com uma espada para viver um grande amor.

Cantado
Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Falado
Para viver um grande amor direito, não basta apenas ser um bom sujeito.
É preciso também ter muito peito, peito de remador.
É sempre necessário ter em vista um crédito de rosas no florista,
Muito mais, muito mais que na modista!
Para viver um grande amor.
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas,
Molhos, filés com fritas - comidinhas para depois do amor.
E o que há de melhor que ir para a cozinha e preparar com amor uma galinha
Com uma rica e gostosa farofinha para o seu grande amor?

Cantado
Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia.

Falado
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto,
E até ser, se possível, um só defunto pra não morrer de dor.
É preciso um cuidado permanente não só com o corpo, mas também com a mente,
Pois qualquer "baixo" seu a amada sente e esfria um pouco o amor.
Há que ser bem cortês sem cortesia, doce e conciliador sem covardia.
Saber ganhar dinheiro com poesia, não ser um ganhador.
Mas tudo isso não adianta nada se nesta selva escura e desvairada
Não se souber achar a grande amada para viver um grande amor.

Cantado
Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Toquinho
Composição: Toquinho / Vinicius de Moraes

sexta-feira, 25 de setembro de 2009



O poema é uma garrafa de náufrago
jogada ao mar.
Quem a encontra,
salva-se a si mesmo...
Mario Quintana

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Magia e mistério



Procuras por mim?
estranho é, que não me encontras!
fora estou dos labirintos habituais.
Sou pura paixão,
água parada, profunda,
intensidade e contradição
Sou a essência do mistério
na fome de um tronco
a uivar ao tempo.
Mergulhada nas águas da paixão
do escuro à tona respiro...
Espero pelos dias,
sedenta de beijo molhado
num pedaço de estrada...

por Meire Jorge

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O desejo que guardo de ti



No meu corpo há uma alma perdida
Na minha respiração um pedaço de ar
Na pele rebento um sorriso...
Quando teus aromas se espalham em mim
Quando o gelo quebrado rompe sobre mim
Quando o silêncio do ponto mais alto é apoteose
Quando os meus lábios sedentos tocam o espaço do desejo

O desejo que guardo por ti...

autor desconhecido

Presente



Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.

Mário Quintana

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cantinho Escondido




Dentro de cada pessoa
tem um cantinho escondido
Decorado de saudade
um lugar pro coracão pousar
um endereço que frequente sem morar
ali na esquina do sonho com a razão
no centro do peito, no largo da ilusão

coração não tem barreira não
desce a ladeira, perde o freio devagar
eu quero ver cachoeira desabar
montanha roleta russa felicidade
posso me perder pela cidade
fazer o circo pegar fogo de verdade
mas tenho meu canto cativo pra voltar

eu posso até mudar
mas onde quer que eu vá
o meu cantinho há de ir
dentro

Arnaldo Antunes

para roubar um coração


Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto,
não se alcança o coração de alguém com pressa.
Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho,
requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.
É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes,
que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago.
...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.
Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração.
Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.
Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.
Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava.
... e é assim que se rouba um coração, fácil não?
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então!
E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples...
é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.
Luís Fernando Veríssimo

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A fila anda...



Fila parada
atropelada
Anda Fila
Fila anda
Lenta,. ligeira
Faceira, acanhada
Sobe, desce
Vira, enrubesce.
Acelerada,
Ofegante...uffa!!
Apaixonada.

por Meire Jorge

domingo, 20 de setembro de 2009



"O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã. Nele repousa a esperança." (Frank Lloyd Wright)

"Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-se; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz." (Eclesiastes)

Semente em meu coração



meu ar
meu mar
meu céu
meu chão
semente
mente
meu coração
brotou não
sem água
sem mágoa
oco
sufoco
seco
força não
ficou no chão!

por Meire Jorge


Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

Bola de Meia, Bola de Gude


Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão


Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão


E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal


Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão

Milton Nascimento
Composição: Milton Nascimento

Sem pretensão poética



A noite é um quadro adormecido,
Com a lua lendo a alma da gente.
Estes pensamentos dançantes,
Que penetram na noite
Enquanto morrem as estrelas.
Serenos silêncios da madrugada,
Coração deambulando saudades.

Amo a noite calada,
O som dos pios noturnos,
Os soluços da natureza e
O roçar das folhas nos telhados.
Vejo meu amor nas sombras da noite,
Quando vaga, viajante na noite fundida,
Desfaço a distância e me lanço ao vento,
Com o coração aberto à vida...

Sônia Schmorantz

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

MARÉ





O mar na rocha
ondulações na alma
sensações tangíveis
água, pedra, conchas
areia, nódoas


Sonho inexato
tempo cansado
herança
velha moldura
tanto passado


Espelho sem rosto
lágrimas antigas
vento aventureiro
vela inquieta


Cantiga
nas ondas oscilantes
restos de memória
incerto cais


ANGELA WARLET

Igreja de São Luiz dos Franceses

Vejam como a tecnologia nos permite "passear" por esta obra maravilhosa que é esta igreja de São Luiz dos Franceses, estando sentados em nossa cadeirinha.

Vá manuseando o mouse para os lados, para cima e para baixo. A imagem vai circulando, pode-se fazer aproximação da imagem com a roldana de rolagem do mouse.

Igreja São Luiz dos Franceses.

Clicando no link abaixo, irá carregar uma página que pode ser vista 360º para os lados ou para cima e para baixo.

Clique no logotipo verde escrito Sevilha para a página ficar completa no monitor, depois no botão esquerdo do mouse, segurar e arrastar para a direita, para a esquerda, para cima ou para baixo.

http://3web.dipusevilla.es/SanLuis/sanluis.html

Aproveitem a viagem!!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

DIA MUNDIAL DE LIMPEZA NAS PRAIAS

Meta do Clean Up the World é mobilizar 35 milhões de pessoas em 120 países

Pela primeira vez, Florianópolis fará parte do Clean Up the World Weekend, evento mundial que promove limpeza de áreas verdes e conscientização ambiental. Na Capital, as atividades estão programadas para sábado, às 9h, no trapiche da avenida Beira-Mar Norte e na praça da Lagoa da Conceição.

O Clean Up the World conta com a participação de 35 milhões de pessoas em 120 países. Sempre no terceiro final de semana de setembro, há o Clean Up the World Weekend, onde as atividades são promovidas por voluntários em todo o mundo.

O Clean Up the World tem o apoio das Nações Unidas e procura promover atividades como reciclagem, plantio de árvores, campanhas de educação e conscientização sobre a conservação da água.

FONTE : (ClicRBS, 16/09/2009)

FIO


No fio da respiração,
rola a minha vida monótona,
rola o peso do meu coração.
Tu não vês o jogo perdendo-se
como as palavras de uma canção.
Passas longe, entre nuvens rápidas,
com tantas estrelas na mão...
- Para que serve o fio trêmulo
em que rola o meu coração?
CECÍLIA MEIRELES

um presente sem igual!

Manhã doce, onde o vento vem soprando
 velhas e adormecidas emoções
Posso até sentir o perfume
...o movimento contínuo
do nascer, crescer
transformar a cada dia
a cada manhã...
De mil maneiras diferentes
os velhos sonhos vão se renovando
não param para que colhamos
nossas dores, nossos erros e acertos,
nem faz do tempo um contratempo
Apenas vão entorpecendo os sentidos
com lembranças que os alimentam
a cada instante, de maneira tal
que o passado torna-se um presente
sem igual!
por Meire Jorge

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.
Cecília Meireles

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sem ar

...sem rumo estou
morcego sem radar
a rodar
sem direção
ficando sem ar
queimando toda fé...
necessário é
engolir o amargo
recompor...
viver.
por Meire Jorge

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Soneto



Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio

Chico Buarque

domingo, 13 de setembro de 2009

...sonhos


apenas um sonho e nada mais...
e você ficou em mim...e eu fiquei assim...
o teu sorriso não me deixa em paz
Mas amanhã, tudo vai passar
os passos irão se apagar
...quem sabe a vida vai mostrar
os sonhos que nós dois perdemos
Meire Jorge

Você em minha vida

NIETZSCHE: os poetas mentem demais...


“Desde que conheço melhor o corpo” – disse Zarathustra a um dos seus discípulos – “o espírito é para mim só figurativamente espírito; e todo o “imperecível” – também não passa de figura”.

“Assim já te ouvi falar uma vez”, respondeu o discípulo; “e então adicionaste: ‘mas os poetas mentem demais’. Mas por que disseste que os poetas mentem demais?”.
....
Porém o que te disse uma vez Zarathustra? Que os poetas mentem demais? – Mas também Zarathustra é um poeta...
...
Mas dado que alguém com toda seriedade diga que os poetas mentem demais: terá razão – mentimos demais.
Também sabemos muito pouco e somos maus aprendizes: já por isso temos que mentir.

E como sabemos pouco, gostamos muito dos pobres de espírito, principalmente quando são jovens mulherzinhas.
E cobiçamos até mesmo as coisas que as velhas contam à noite. A isso chamamos o eterno feminino em nós mesmos.
E como se houvesse um acesso secreto ao saber, oculto àqueles que aprendem algo: assim cremos nós no povo e em sua ‘sabedoria’.
Mas todos os poetas crêem no seguinte: que quem deitado na grama ou numa encosta solitária aguce os ouvidos experimentará algo das coisas que se encontram entre o céu e a terra.
E se movimentos delicados os alcançarem, sempre pensam os poetas que a natureza mesma se apaixonou por eles:
E ela se desliza aos seus ouvidos para contar segredos e fazer lisonjas apaixonadas: das quais eles se vangloriam e se envaidecem acima de todos os mortais!
Ah, há tanta coisa entre o céu e a terra com as quais só os poetas se permitem sonhar!
E principalmente acima do céu: pois todos os deuses são figuras de poetas, manhas de poetas!
Em verdade, sempre somos atraídos para cima – isto é, para o reino das nuvens: nestas colocamos nossos fantoches coloridos e os chamamos deuses e super-homens;
pois eles são justo bastante leves para esses assentos! – todos esses deuses e super-homens.
Ah, como estou cansado de todo o inalcançável que se pretende acontecimento! Ah, como estou cansado dos poetas!”

Quando Zarathustra assim falou, zangou-se com ele seu discípulo, mas se calou. E também Zarathustra se calou; e seu olhos se haviam voltado para dentro, como se olhassem para muito longe. Finalmente ele suspirou e tomou fôlego.

“Sou de hoje e de outrora, disse então; mas há algo em mim que é de amanhã e de depois de amanhã e do porvir.
Cansei-me dos poetas, dos velhos e dos novos: Superficiais ele todos são para mim, e mares rasos.
Não pensaram bastante das profundezas: com isso seu sentimento não mergulhou até o fundo.
Alguma volúpia e algum tédio: ainda é isso o melhor das suas reflexões.
Um sopro e um deslizar de fantasmas me parecem todos os seus harpejos; que sabem eles até hoje do ardor dos sons!
Para mim tampouco são bastante puros: turvam todas as suas águas, para que pareçam profundas.
E gostam de se apresentar como conciliadores; mas para mim permanecem mediadores e misturadores e meio isto e meio aquilo, e impuros!
Ah, lancei minha rede no seu mar e quis pescar bons peixes; mas sempre recolhi a cabeça de um velho deus.
Assim ao faminto o mar deu uma pedra. E eles mesmos poderiam vir do mar.
Certo, acham-se pérolas neles: tanto mais, por isso, parecem eles mesmos com duros crustáceos. E, em vez de alma, muitas vezes neles achei lodo salgado.
Aprenderam do mar também sua vaidade: não é o mar o pavão dos pavões?
Mesmo ante o mais feio dos búfalos ele ostenta sua cauda: jamais se cansa de seu leque de prata e seda.
Carrancudo contempla-o búfalo, pois sua alma é mais afim da areia, mais ainda do cerrado e mais de tudo do pântano.
Que são para ele a beleza e o mar e os adornos do pavão! Esta parábola dedico aos poetas.
Em verdade seu espírito mesmo é o pavão dos pavões e um mar de vaidade!
Quer espectadores o espírito do poeta: ainda que sejam búfalos! –
Mas desse espírito cansei-me: e vejo o dia em que ele mesmo se cansará de si.
Já vi os poetas transformados, a dirigir seu olhar contra si mesmos.
Penitentes do espírito vi chegarem: e surgiam dos poetas.”

Assim falou Zarathustra.

De: NIETZSCHE, Friedrich. "Also sprach Zarathustra. Ein Buch für alle und keinen". In: Werke. Vol.2. Org.: K. Schlechta. München: Carl Hansen, 1954, p.381-384.
Trad. e adaptação de Antonio Cícero

O mimo do poeta





Eu sonhei, um sonho tão lindo
Era com você, meu doce amor
Você entre as flores, vinha vindo
Tua beleza, sobrepujava a da flor

Eu extasiado, olhava sem acreditar
Vendo teus pés mal tocando o chão
Em um macio e cadenciado caminhar
Teu olhar mostrava uma grande paixão

Abri meus braços, e corri a te abraçar
Senti teu corpo tremer, em doce frenesi
Com sofreguidão, pude teus lábios beijar
Toda dor, e tristeza, neste instante esqueci

Foi um momento, de total encantamento
Minhas mãos, tocavam avidas o corpo teu
Meu desejo, explodia, com todo atrevimento
E eu, enlouquecia, com o som do gemido seu

Mas infelizmente, eu nesta hora, tive de acordar
Confesso, não acreditei, que isto tinha ocorrido
Sentei na beira da cama, e de dor, me pus a chorar
Pois lembrei, que nosso amor, ... tinha morrido....

por Ary Bueno

sábado, 12 de setembro de 2009

O Amor...sempre o amor!

 
Um amor sempre acaba.
Numa esquina.
Numa praça.
Numa rodoviária.
No lugar que começou.
Acaba com um beijo,
um abraço ou com um grito.
Com a melhor ou a pior
das transas
Termina no caos.
Em sangue, suor, desesperança.
No silêncio. No escuro.
Na esperança...
Nostálgica ou idilicamente.
Mas ele sempre acaba.
Acaba e leva consigo um parte.
Acaba numa manhã raiando,
num anoitecer de lua cheia
numa mensagem em uma caixa de e. mail.
O Amor acaba e Ponto.
Os bons momentos ficam.
E todo o resto será apenas o resto…

Meire Jorge

Amor e perdão

..sequer o grande amor
safou-me da indesejada dor
que cerceia o perdão...
sequer o grande amor
safou-me entendimento
das palavras sem sons...
sequer o grande amor
aquietou meu coração
da não argumentação..
por Meire Jorge

sexta-feira, 11 de setembro de 2009


...da primeira vez ela chorou......mas resolveu ficar.
É que os momentos felizes tinham deixado raízes no seu penar.
Depois perdeu a esperança, porque o perdão também cansa de perdoar.
Toquinho e Vinicius de Moraes

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Reinvenção


A vida só é possível reinventada.
Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas que vem de fundas piscinas de ilusionismo... — mais nada.
 Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.
Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva, fico:
 recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Cecília Meireles

Meu coração, quando solitário, bate descompassado...

Meire Jorge

Os dias passam pelo meu corpo...
palavras morrem estranguladas na garganta!!

Meire Jorge

quarta-feira, 9 de setembro de 2009


“De tudo o que se escreve, amo somente o que alguém escreve com seu próprio sangue.”

Nietzsche

Gotas de Chuva


Lá fora a chuva cai...
aqui dentro
aprecio um belo momento...
Gotas prateadas
entoam um cântico na janela,
arrebentam...
deslizam pelo vidro
Sinto-as em meu rosto
gota a gota...
Cada gota, um sorriso,
um silêncio
de palavras não ditas,
uma lágrima sentida!
Uma gota prateada
num oceano.
Não estou só…
a chuva cai em mim…
Cada gota é a mão que não toquei,
o beijo que não beijei
o amor que não amei...
A chuva na alma
dói e grita!!
por Meire Jorge

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Morre um amor

Numa manhã de setembro em que o
Inverno insiste em brigar com
a primavera, que colore
o caminho quase a findar.
Sol arrebentando nuvens
Atingindo corações esfacelados
pelo desgaste sucessivo
das corrosões mis;
cegando olhos
carentes de luz
Embaçados, fixados...
veem através da janela
a morte lenta e dolorida
de um amor!
Horas a observar
quão ilusória é a paixão...
O silêncio persiste...
A procura por uma prancha
ainda existe, insiste...
em vão...assassinado!
Morto pelo egoísmo
pelas grosserias...
pela falta de tato 
por não suportar espelhos
pelas diferenças
por ser demasiado frágil....
ter fecundado em terreno
empobrecido pelo tempo...
morria lentamente por
inanição....porém
 necessária foi uma explosão!
e evaporá-lo então
com vento seguir...
Voar...subir
Lágrimas condensar
e novas nuvens a formar
até que a chuva caia...
num outro verão!
por Meire Jorge
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